Qualidade Total ou TPM?
Haroldo Ribeiro
Várias indústrias no Brasil estão passando atualmente por este dilema: Qualidade Total ou TPM? A discussão em torno do assunto chega a provocar verdadeiros “rachas” entre os simpatizantes do TQC, normalmente representados por órgãos da Qualidade, e aqueles que estão inquietos por ferramentas gerenciais mais práticas na área produtiva. Afinal, quais as vantagens e desvantagens de cada uma destas filosofias(?)?. O objetivo deste artigo é fazer uma análise imparcial entre o TQC e o TPM, permitindo às empresas buscar e aplicar as vantagens de cada uma.
Em primeiro lugar vale à pena discutir a origem desta discussão. O TQC que conhecemos no Brasil (Total Quality Control) iniciou-se no Japão logo após a Segunda Grande Guerra. Teve como base a estatística aplicada aos processos produtivos, sendo ampliado para toda a empresa. O TPM (Total Productive Maintenance) também iniciou-se no Japão, no final da década 60, a partir dos conhecimentos de manutenção preventiva e de sistemas de produção que visavam alta confiabilidade.
A JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers) passou a oferecer suporte ao TQC, enquanto o JIPM (Japan Institute for Plant Maintenance) ficou como responsável pelo TPM. Ao longo do tempo estas instituições vêm disputando o espaço de consultoria, cada uma pregando o seu modelo como uma filosofia gerencial. Ou seja, a JUSE trata o TPM como uma das ferramentas do “guarda-chuva” TQC, e o JIPM considera o TPM como o próprio “guarda-chuva”. Para tanto, resolveu complementar os cinco pilares básicos que tratavam apenas das instalações industriais, com mais três pilares, enfocando áreas não-produtivas, sistema da qualidade e políticas de segurança, saúde e meio ambiente. Apesar de ambas as instituições não ter fins lucrativos, seus consultores vivem muito bem, obrigado! No Brasil, há uma tendência de disputa neste sentido, pois há consultorias vinculadas tecnicamente à JUSE, como é o caso da Fundação de Desenvolvimento Gerencial, uma derivação da Fundação Christiano Ottoni, que trata do TQC no modelo japonês, e o IM&C Internacional que vende serviços de consultoria em TPM, apoiado pelo JIPM.
Vejamos agora quais as principais características e diferenças entre TQC e TPM:
Foco
Enquanto o TQC é voltado para o desempenho do processo, o TPM se caracteriza para o desempenho do equipamento. Evidentemente, o homem é um elemento comum em ambos os casos.
Produtividade
O TQC busca a produtividade através da agregação de valor ao produto pela visão do cliente (visão de fora para dentro), enquanto o TPM busca reduzir os custos através da eliminação de perdas (visão de dentro para fora).
Resultados
As ações do TQC são mais filosóficas quando comparadas com as do TPM, que são mais práticas. A conseqüência é que os resultados de produtividade são mais rápidos com o TPM.
Tipo de Gestão
O TQC utiliza a gestão interdepartamental, com o objetivo de envolver e comprometer todas as áreas da empresa na busca da Qualidade Total. O TPM é puxado por três áreas (Produção, Manutenção e Engenharia), ficando as demais áreas envolvidas nas suas atividades de rotina. Com a introdução dos três pilares complementares, outras áreas não-produtivas passaram a ser envolvidas pelo TPM. Porém, a maioria das empresas que implanta o TPM ainda não utiliza estes pilares na sua essência, uma vez que já contam com políticas e sistemas mais conhecidos de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente, Saúde e Organização e Métodos (O&M).
Método de Solução de Problemas
O TQC utiliza o método indutivo para resolver os problemas encontrados. Isto significa que uma solução para um determinado problema, poderá ser aproveitada para outros locais que tenham problemas similares. Já o TQC usa o método dedutivo, ou seja, busca-se a explicação físico-mecânica para determinado problema em literaturas técnicas, para tentar solucionar um problema específico.
Para facilitar uma decisão por parte da empresa em relação ao TQC e o TPM, recomendamos o seguinte:
Estas recomendações devem ser analisadas para cada caso, pois às vezes a solução mais adequada pode ser híbrida, assim como fazem algumas empresas no Japão. O importante é que os interesses das empresas estejam acima de tudo, e que seus profissionais não caiam nas armadilhas discretamente planejadas por consultorias.
Haroldo Ribeiro é consultor especializado no Japão e autor de vários livros publicados
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