Qual a importância da Manutenção para o TPM?
Para entender a importância da Função Manutenção para o TPM, vale a pena avaliar a evolução da Manutenção.
Até a Segunda Guerra Mundial:
Características: Baixa mecanização, poucas máquinas, demanda maior que a oferta, equipamentos simples e robustos
Consequências: Paralisações não afetavam as vendas e máquinas fáceis de consertar
Função Manutenção: Manutenção corretiva e Pouca especialização
De 1950 até 1975:
Características: Aumento da demanda e maior tecnologia
Consequências: Maior mecanização, aumento do número de máquinas, máquinas mais complexas e elevação dos custos de manutenção
Função Manutenção: Introdução da Manutenção Preventiva em intervalos fixos, desenvolvimento de sistemas de planejamento e controle de manutenção e maior especialização
A partir de 1975:
Características: Aumento de competitividade através de redução de custo do produto, introdução de sistemas de produção puxada (just-in-time) e preocupação crescente com segurança e meio ambiente
Consequências: Maior disponibilidade e confiabilidade do equipamento e preocupação com o Custo do Ciclo de Vida
Função Manutenção: Introdução do Monitoramento e da Manutenção Preventiva com Base nas Condições e do Monitoramento (Preditiva); análise do custo de Manutenção com base na confiabilidade; análise dos Modos e efeitos das falhas e alta especialização
As maiores causas de falhas/quebras são as operações e os reparos inadequados, estes conduzidos por falta de capacitação da equipe de manutenção. Sem uma maior habilidade técnica dos manutentores, a confiabilidade e manutenibilidade estará sempre comprometida. Por isto é importante que o manutentor previna erros de reparo (analisando as causas de erros de reparos; melhorando o manuseio do equipamento durante a remoção, desmontagem, reparo, montagem e instalação).
A falta de capacitação técnica é um grande entrave para a Manutenção Planejada
A falta de capacitação técnica é uma deficiência muito comum no Brasil e vários países em desenvolvimento, em função da origem dos profissionais de manutenção. Somente nestas duas últimas décadas é que as escolas profissionalizantes e universidades passaram a desenvolver cursos específicos de manutenção (atualmente várias universidades já oferecem cursos de pós-graduação em manutenção). Porém, a maioria dos profissionais que atuam na área conhece apenas a prática, muitas vezes com vícios que comprometem a manutenibilidade, confiabilidade e disponibilidade do equipamento. São várias as empresas que alocam operadores com baixo rendimento nas equipes de manutenção. Um tempo considerado aceitável para formação de um profissional de manutenção não leva menos que cinco anos. Porém, com os quadros de manutenção enxutos por pressão de redução de custos de manutenção, vários profissionais se aventuram a intervir no equipamento sem o conhecimento, habilidade e supervisão adequadas, trazendo como consequência um serviço de baixa qualidade e às vezes introduzindo no equipamento algum defeito que o mesmo não tinha. Este problema se agrava em função da pressão da Produção em ter o equipamento de volta o mais rápido possível.
A terceirização nem sempre é o melhor caminho para a manutenção
Nas últimas duas década, muitas indústrias ampliaram os serviços de manutenção realizados por empresas terceirizadas. A experiência da maioria das empresas a médio e longo prazos não é tão boa. Se o objetivo inicial é de reduzir custos com a terceirização, nem sempre os resultados demonstram isto, quando são avaliados os índices de disponibilidade.
O problema da terceirização das atividades de manutenção é o seguinte:
Qualquer empresa especializada em manutenção deve ter um custo inferior de, no mínimo, 30% em relação aos custos normais da contratante. Isto porque a empresa terceirizada deve apresentar um valor de proposta inferior em 10% ao atual para justificar a contratação. Outros 10% são para cobrir os impostos decorrentes da contratação de serviços e mais 10% para que a contratante obtenha lucro com os serviços (a estrutura de Manutenção da contratante não tem visão de lucro). Por melhor que seja a empresa contratada, esta diferença de 30% só seria compensada por uma maior produtividade de seus serviços a médio e longo prazos. Logo, a curto prazo, para haver uma viabilidade econômica, a única alternativa é oferecer uma remuneração inferior aos seus profissionais em relação à remuneração da empresa contratante. Esta remuneração inferior nem sempre está explicitada no salário, mais na sua política de benefícios. O resultado para os profissionais de manutenção da contratada é um sentimento de exploração superado obrigatoriamente pela dificuldade de conseguir emprego em outra empresa.
Se a vantagem da terceirização é fazer com que a empresa contratante busque se concentrar no seu negócio principal (core-business), a solução para conviver com tal necessidade é:
Pesquisar empresas especializadas em manutenção com um conceito já reconhecido no mercado;
Realizar contratos de média e longa duração, suportados por indicadores de disponibilidade e atendimento;
Tentar formar times incluindo profissionais de manutenção e produção, evitando perdas com estruturas de atendimento centralizadas;
Contratar serviços dos fabricantes dos equipamentos mais críticos e de maior valor, inclusive antes de adquiri-los.
Cuidar para evitar problemas empregatícios futuros, uma vez que os profissionais da empresa contratada podem alegar que estão sujeitos aos mesmos deveres dos profissionais da contratante, exigindo os mesmos direitos.
Para os profissionais de Manutenção da própria empresa deve ser elaborada uma matriz de treinamento (ver o Pilar Educação e Treinamento).
A Restruturação da Manutenção é vital para o sucesso do TPM
A Manutenção tem o papel de detectar e tratar as anormalidades dos equipamentos antes que eles produzam defeitos ou perdas. O objetivo principal é o desenvolvimento de um sistema que promova a eliminação de atividades não programadas de manutenção.
Normalmente, quando se fala em Manutenção Autônoma nas empresas, há uma tendência em acreditar que as atividades da Manutenção serão repassadas para os Operadores. Isto não é verdade. Á medida que se implanta a Manutenção Autônoma a equipe de Manutenção passa a se concentrar em tarefas que exigem maior especialização. Isto ocorre através da melhoria de tecnologias e habilidades da Manutenção e da melhoria do equipamento, promovida pelo suporte aos pilares de Manutenção Autônoma e a implementação de um programa de manutenção preventiva, incluindo a manutenção preditiva.
Para assumir este novo papel, a Manutenção poderá se reestruturar, analisando qual o regime mais adequado para os diversos equipamentos ou conjuntos. Normalmente os regimes de manutenção preventiva são:
A manutenção baseada no tempo (verificação diária; verificação, inspeção e serviços periódicos),
A manutenção baseada nas condições do equipamento (através de diagnósticos de equipamentos rotativos ou estáticos.
Em indústrias de processos há a manutenção de paradas de plantas. As manutenções corretivas podem ser planejadas ou não planejadas.