Qual a relação de TPM com a Qualidade Total?
É comum a definição de qualidade como “satisfação do cliente”. Porém, a obtenção da qualidade total só é possível através de uma visão sistêmica de todos os agentes envolvidos em qualquer processo produtivo (bens e serviços). São eles:
• O próprio cliente, que é o agente que deflagra todo o processo, e para onde todas as etapas deste processo devem estar focadas;
• O acionista;
• Os fornecedores;
• Os empregados, que são os agentes responsáveis em produzir e fornecer a qualidade que o cliente deseja, merecendo, portanto, que a empresa tenha uma política de recursos humanos bem desenvolvida;
• E a comunidade.
Há duas linhas de condução para a excelência da qualidade: o gerenciamento da rotina e as diretrizes empresariais.
O gerenciamento da rotina objetiva tornar os processos previsíveis, através da manutenção dos padrões e da eliminação das causas dos problemas.
As diretrizes empresariais visam orientar a empresa para o futuro, e melhorar a competitividade da organização, através de um plano estratégico oriundo das necessidades dos clientes e de melhorias permanentes dos processos. O sucesso destas diretrizes se consolida quando é alcançado o ponto de equilíbrio entre os agentes citados acima, todos mantendo relacionamento de qualidade entre eles.
Cabe aqui discutir algumas questões da relação entre TPM e Qualidade Total (TQC). Para facilitar o entendimento, vale a pena conhecer rapidamente a história do desenvolvimento do TQC e do TPM no Japão.
Logo depois da Segunda Grande Guerra, os Estados Unidos resolveram apoiar técnica e financeiramente o Japão, que saíra derrotado e arrasado daquele lamentável episódio. Com os trabalhos iniciados pelos americanos Deming e Juran, a indústria japonesa passou a adotar os conceitos estatísticos de qualidade pregados por Deming, bem como a estratégia de gestão empresarial ensinadas por Juran. O resultado deste trabalho foi a melhoria da qualidade dos produtos japoneses associados a ganhos de produtividade, levando aquele país a se tornar a segunda maior potência econômica do mundo a partir da década de 80, ultrapassando países como Grã-Bretanha e Alemanha.
A Gestão pela Qualidade Total, o TQC, adotado como filosofia empresarial tem um caráter estratégico de cobrir todos os processos de uma organização e enfatizar as tomadas de decisão a partir de dados concretos. Devido a sua amplitude de atuação, os maiores resultados do TQC ocorrem a médio e longo prazos, inclusive nas instalações produtivas.
O TPM por sua própria origem traz resultados mais imediatos nas instalações produtivas, através da maximização da eficiência global dos equipamentos.
Em resumo, os resultados promovidos a curto prazo pelo TPM nas instalações produtivas tendem a ser alcançados pelo TQC apenas à médio e longo prazos.
No Japão há uma certa disputa entre duas instituições, cada uma defendendo o seu produto como o mais eficaz para a competitividade das empresas industriais. Enquanto a JUSE (Japanese Union of Scientists and Engineers) não abre mãos de tratar o TPM como uma ferramenta do TQC, o JIPM (Japan Institute of Plant Maintenance), defende o TPM como uma filosofia gerencial que pode ser aplicada à todas instalações da empresa. Na verdade é uma concorrência de consultores, pois apesar das duas instituições não terem fins lucrativos, os consultores vivem destes respectivos produtos.
Longe desta disputa, as empresas têm aplicado o TPM conciliando com a filosofia gerencial por ela adotada, ou seja, tratando o TPM como uma estratégia para aumentar sua produtividade global. Caso a empresa esteja adotando o TQC, considerar o TPM um programa estratégico e dar-lhe a atenção que os seus resultados merecem. No Japão, a quase totalidade das empresas que buscaram o TPM já tinha avançado bastante no TQC.
Abaixo apresentamos uma comparação entre TPM e TQC. O objetivo não é criar uma competição entre os dois, e sim oferecer uma visão imparcial de ambos, possibilitando que as empresas aproveitem os fatores positivos de cada um.
Uma diferença básica entre TPM e TQC é que o TPM concentra sua atenção na vida do equipamento, enquanto o TQC se concentra na vida do produto.
Aspectos Técnicos
O TPM é mais apropriado quando há uma perda muito grande por problemas relacionados ao equipamento.
O TQC é mais apropriado quando há uma deficiência na qualidade do produto, sob percepção do cliente.
Aspectos Econômicos
O TPM é mais recomendado quando há uma forte competitividade, pois uma redução de custo em 10% eqüivale aproximadamente ao dobro do aumento da receita.
O TQC é mais apropriado quando há uma possibilidade da empresa ampliar bastante a sua fatia de mercado.
Atividades
O TPM é mais aproriado quando se deseja uma mudança física e comportamental na área produtiva à curto prazo.
O TQC é mais apropriado quando se deseja uma mudança na postura gerencial da alta e média gerência à médio e longo prazos.
Tipo de Gestão
O TPM envolve mais diretamente os órgãos de Produção, Manutenção e Engenharia. Os três pilares complementares que envolveriam os demais órgãos ainda não são efetivamente adotados nas empresas.
O TQC envolve todos os órgãos da empresa. O TPM envolve mais diretamente os órgãos de Produção, Manutenção e Engenharia. Os três pilares complementares que envolveriam os demais órgãos ainda não são efetivamente adotados nas empresas.
O TQC envolve todos os órgãos da empresa.
Percepção de futuro
O TPM busca reduzir e eliminar as perdas. Com isto, tende a oferecer produtos mais baratos.
O TQC busca alinhar os processos produtivos às necessidades, oportunidades e tendências do mercado.
Resolução de Problemas
O TPM busca solucionar um determinado problema através de um estudo físico-mecânico devidamente conhecido nas literaturas.
O TQC busca solucionar um problema e depois aplicar o aprendizado para todos os problemas similares.