Etapa 10 – Pilar Educação e Treinamento
Para que o TPM seja colocado em prática, todas as pessoas que serão envolvidas devem ser educadas (conscientizadas) e treinadas (habilitadas). Treinamento no local de trabalho e auto-desenvolvimento são estratégias para o sucesso do TPM.
Os profissionais de Recursos Humanos são os responsáveis para apoiar diretamente esta fase (embora já tenham sido envolvidos desde o início), pois serão responsáveis diretos para revisar a descrição de cargos dos operadores, incluindo as novas atribuições que terão na prática do TPM.
Com o desenvolvimento da tecnologia de equipamentos e instrumentos de controle o trabalho dos operadores está numa transição de manual para monitoramento e supervisão. Através de treinamento no local de trabalho e Manutenção Autônoma os operadores adquirem habilidades relacionadas ao tratamento do equipamento. Desta forma, os operadores podem ser reclassificados com base no conhecimento de processo, tempo na função e habilidade no equipamento. Exemplo:
Operador I - Operador que pode detectar anormalidades e conseqüências, através das seguintes ações:
Detectar equipamentos irregulares;
Entender a importância da lubrificação e poder lubrificar corretamente e verificar os resultados;
Entender a importância da limpeza como inspeção e poder fazê-la corretamente;
Entender a importância de minimizar as sobras de produtos, matérias-primas e outros contaminantes e poder desenvolver melhorias;
Corrigir ou melhorar irregularidades detectadas.
Operador II - Operador que compreende a estrutura e funções do equipamento e é capaz de descobrir as causas das anormalidades, com as seguintes ações:
Entender os pontos-chave de construção do equipamento;
Manter a performance do equipamento através da inspeção no ato da limpeza;
Entender as causas das anormalidades;
Julgar corretamente quando o equipamento parar repentinamente;
Diagnosticar falhas para certos casos.
Operador III - Operador que compreende a relação entre equipamento e qualidade da operação e pode predizer defeitos e descobrir suas causas, sendo capaz para:
Analisar fenômenos de princípios físicos;
Entender a relação entre equipamento e características da qualidade do produto;
Entender e verificar tolerâncias de precisão de propriedades estáticas e dinâmicas do equipamento;
Entender as causas dos defeitos.
Operador IV - Aquele que pode entender e reparar equipamentos, fazendo o seguinte:
Recolocar componentes;
Conhecer a vida útil dos componentes;
Diagnosticar causas das falhas;
Tomar ações urgentes;
Assessorar nos equipamentos sobrecarregados.
Para uma organização onde existe uma forte interferência sindical, a sugestão é que este assunto só seja discutido após um treinamento dado à alta e média gerência, incluindo supervisores, com o objetivo de formar uma “massa crítica” capaz de contra-argumentar possíveis “acusações” dos representantes sindicais. Mesmo porque, somente algum tempo (após no mínimo 3 meses) os operadores do equipamento piloto passará a executar atividades diferentes das habituais. Os demais operadores só devem modificar de fato a sua rotina, após os equipamentos-piloto estiverem com a Manutenção Autônoma em um estágio mais avançado.
Para realização destes treinamentos normalmente são utilizados os próprios profissionais da Manutenção. Uma classificação destes profissionais de manutenção em quatro níveis de habilidades e conhecimento é de suma importância para que o treinamento seja eficaz. Para determinados cursos poderão ser contratados instrutores externos que já dispõe de recursos didáticos e habilidades para treinamento. Uma tática de baixo custo é convidar fabricantes de equipamentos e fornecedores de peças, ferramentas, lubrificantes e insumos para realização destes treinamentos.
Nível 1 - Falta conhecimento teórico e habilidade prática. Neste caso o profissional precisa ser ensinado;
Nível 2 - Conhece a teoria, mas não a prática. Este profissional precisa de treinamento prático;
Nível 3 - Tem muita prática, mas não teoria. Não é aconselhável que este profissional treine outros;
Nível 4 - Tem muito conhecimento teórico e habilidade prática. Este profissional estará capacitado para treinar outros.
Exemplos de tipos de conhecimento e habilidades:
Assuntos básicos (ferramentas, porcas e parafusos, chaves)
Escritórios (informática, arquivamento, elaboração de relatórios)
Caldeiraria (solda, materiais, cortes)
Montagem
Hidráulica/Pneumática
Interpretação de Desenhos
Lubrificação (Fundamentos e tipos de lubrificantes)
Instrumentos de medição (manômetros, termômetros, rotâmetros, etc.)
Sobressalentes consumíveis (juntas, anéis, gaxetas).
Para os operadores, deve ser previsto um cronograma de treinamento em módulos. Deve ser elaborada uma matriz de treinamento utilizando como base o levantamento de necessidades e as habilidades atuais de cada operador. O treinamento poderá ser dado pelo órgão de manutenção, por fabricantes dos equipamentos, fornecedores de sobressalentes, ferramentas manuais e de corte, e por uma instituição externa.
A estratégia dos treinamentos é sempre no seguinte sentido: Manutenção treina líderes das equipes de operação; líderes passam os seus conhecimentos para os membros da equipe e os operadores executam as atividades autônomas acompanhados, no seu devido momento, pela Manutenção. Devem ser selecionados profissionais de manutenção que realmente tenham habilidade e capacitação técnica para multiplicar conhecimentos.
Outro problema freqüente é permitir que um outro operador não capacitado opere o equipamento piloto, podendo causar problemas operacionais e desestimulando àquele que está devidamente qualificado e comprometido.
O pessoal especializado da Manutenção também deve atualizar-se nos equipamentos cada vez mais frágeis e caros, e que têm uma vinculação direta com a qualidade, produtividade, segurança. Para tanto, estes profissionais devem ser capazes de:
Capacitar operadores no correto manuseio, operação e manutenção diária
Assessorar adequadamente se o equipamento está operando normalmente ou não
Rastrear as causas das anormalidades e restaurar corretamente à operação normal
Entender o diagnóstico do equipamento, usá-lo e padronizá-lo
Melhorar confiabilidade do equipamento e componentes, aumentar a vida útil e evitar anormalidades e falhas
Um plano de educação e treinamento deve ser desenvolvido para:
a) Treinar gerentes para planejar, visando aumentar a eficiência dos equipamentos e implementar melhorias com o objetivo de atingir a quebra zero e defeito zero;
b) Desenvolver o “staff’ da manutenção nos princípios básicos da manutenção em habilitações específicas relacionadas aos equipamentos da empresa. Ensiná-los a orientar e apoiar os operadores que participam das atividades de Manutenção Autônoma;
c) Treinar líderes dos pequenos grupos e operadores a reconhecer anormalidades nos equipamentos durante as atividades diárias e inspeções periódicas. Treiná-los como tratar e reparar estas anormalidades.
Estes cursos de formação são fundamentais para que os operadores incorporem o espírito de “da minha máquina cuido eu”, garantindo gradativamente o sucesso da Manutenção Autônoma, bem como os profissionais da manutenção deixem de ser meros “apagadores de incêndio” e executem a verdadeira engenharia de manutenção.