O Movimento da Qualidade no Brasil – Histórico e Tendências
Haroldo Ribeiro*
Apesar de algumas pessoas e empresas no Brasil tratarem o tema da Qualidade como algo ultrapassado, fora de moda ou até mesmo não ser mais fator diferencial de competitividade, atender e superar as expectativas do cliente – que na sua essência é Qualidade - continua sendo um desafio e busca constante para quem deseja permanecer no mercado. Entender o histórico da Qualidade no Brasil e conhecer as suas tendências possibilitarão que profissionais e empresas se preparem adequadamente para enfrentar e vencer competições cada vez mais acirradas e globalizadas.
O histórico da Qualidade no Brasil não poderia deixar de ser uma evolução defasada em relação aos mercados mais avançados como o Europeu e o Norte-Americano.
O Controle Estatístico de Processo – CEP - foi sem dúvida a primeira ferramenta da qualidade a ser utilizada na indústria brasileira na década de 60. Na década de 70, algumas empresas, influenciadas pela Petrobrás, passaram a adotar a Normatização de seus procedimentos, baseados na 10CFR50, uma versão tenra das Normas de Garantia da Qualidade, as quais foram utilizadas como base para a geração da “família ISO 9000”, na década de 80. Ainda naquela década, aportou no Brasil o Círculo de Controle de Qualidade – CCQ, dando inicio a uma série de utilização de ferramentas japonesas por empresas instaladas no Brasil.
No inicio da década de 90, estimuladas pela abertura de mercado no Brasil e pela globalização da economia, as empresas passaram a adotar sistemas de gestão oriundo do Japão, como a Gestão pela Qualidade Total - TQC, a Manutenção Produtiva Total – TPM e a Produção Enxuta – Just-In-Time ou Lean Manufacturing, este último inspirado no Sistema Toyota de Produção. Nesta mesma década foi criada a Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade, responsável pelo Prêmio de maior reconhecimento de Excelência de Gestão, que utilizou como referência para seus critérios os Prêmios Malcolm Baldridge (Estados Unidos) e o Europeu. O governo brasileiro, com o objetivo de disseminar a Qualidade em todas as instituições, públicas e privadas, criou o Programa Brasileiro para Qualidade e Produtividade. Para o sucesso de qualquer uma destas Ferramentas ou Sistemas de Gestão, o Programa japonês 5S, foi e é utilizado de maneira unânime, como uma Base física e cultural.
Ainda no final da década de 90, e já neste milênio, cresceu a utilização das técnicas de Six Sigma, para garantir a estabilidade de processos, com o objetivo de reduzir à quase zero (3,4 Partes defeituosas por Milhão) o número de não-conformidades. Após resultados extraordinários obtidos pela General Eletric, naquela época liderada pelo atual Consultor Norte-Americano Jack Welch, várias outras empresas passaram a adotar invariavelmente este ferramenta gerencial de cunho estatístico. Recentemente, várias empresas tratam esta ferramenta em conjunto com o Sistema Lean Manufacturing.
As tendências para as próximas décadas é a integração sistematizada das várias ferramentas gerenciais, a exemplo do que já está ocorrendo com as Normas ISO 9001, 14001 e OHSAS 18001. O desafio para as empresas é criar um modelo de gestão que evite superposições de atividades muito comuns entre os programas, tais como: Comitês, Treinamentos, Verificações e Auditorias Internas e Externas, Planos de ações, Orçamentos, Reuniões de Follow-up, etc. Não é fácil encontrar consultorias com profissionais especializados em cada um dos temas. Normalmente há consultores que são especialistas em um dos temas e generalistas em outros. O ideal é que haja uma equipe de consultores especialistas em cada tema, mas com uma visão holística entre eles, ao mesmo tempo que tenham a flexibilidade para adequar a sua experiência às características e necessidades da empresa, sinalizadas pelas tendências de mercado.
Nota: Para mais informações sobre tópicos citados consulte os sites www.pdca.com.br; www.banasqualidade.com.br, ou literatura específica.
*Haroldo Ribeiro é Consultor especializado no Japão, Diretor da PDCA – Consultoria em Qualidade e Autor de vários livros sobre 5S e TPM ( Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Bibliografia
• Juran Planejando para a Qualidade - Joseph M. Juran - São Paulo: Pioneira, 1992
• Qualidade é Investimento - Philip Crosby - Rio de Janeiro: José Olimpio Editora, 1988
• Qualidade - A revolução da Administração - W. Edwards Deming - Rio de Janeiro: Masques Saraiva, 1990
• O Método Deming de Administração – Mary Walton - Rio de Janeiro: Marques Saraiva, 1989
• Controle da Qualidade Total - No Estilo Japonês - Vicente Falconi - Rio de Janeiro: Bloch Editora, 1992
• TQC - Estratégia e Administração da Qualidade - Kaoru Ishikawa - São Paulo: IM&C International, 1984
• Kaizen - A estratégia para o Sucesso Competitivo - Masaaki Imai - São Paulo: IMAM, 1990
• CCQ - Círculos de Controle da Qualidade - Romeu Carlos L. de Abreu - Rio de Janeiro: QualityMark, 1991
• Juran's Quality Control – Handbook - Joseph M. Juran - Frank M. Gryna - USA: McGraw Hill, 1988
• Qualidade - Ferramentas para uma Melhoría Contínua - The Memory Jogger - Michael Brassard - Rio de Janeiro: QualityMark, 198
• Just-In-Time - Uma Estratégia Avançada de Administração - Richard T. Lubben - São Paulo: McGraw Hill, 1989
• A Bíblia do 5S - Haroldo Ribeiro -Salvador: Casa da Qualidade Editora, 2006
• TPM Report - Haroldo Ribeiro - São Paulo: EPSE Editora, 2005